Na frente da TV, antes de dormir ou em qualquer momento que possa tirar os sapatos, aproveite para tocar seus pés. Basta alguns minutos para que a sensação de bem-estar se espalhe pelo corpo todo. Esse gesto simples é a base da reflexologia, uma técnica milenar praticada por chineses e egípcios que estuda a relação de pontos específicos dos pés com os órgãos vitais. Foi trazida para o Ocidente no início do século 20 pelo médico americano William Fitzgerald e usada como recurso na hora de fazer diagnósticos ou prevenir doenças variadas.
O que a princípio despertava apenas curiosidade entre especialistas ocidentais virou assunto sério, e depois de muitos testes, realizados ainda no início do século 20, vários hospitais americanos – entre eles Boston City, Saint-Francis, Connecticut e Hartford – concluíram que a massagem nos pés indicava doenças. Dependendo do tipo e da intensidade da dor que o paciente sentisse, o médico identificava os órgãos comprometidos e fazia o diagnóstico. Hoje, a reflexologia é praticada em mais de 20 países, inclusive no Brasil.
Por que o efeito é positivo
A eficácia e os benefícios da prática regular da reflexologia são reconhecidos, mas orientais e ocidentais discordam sobre seu mecanismo de ação. Para os especialistas do Oriente, a técnica se baseia na livre circulação da energia vital, chamada ch’i. Quando determinado órgão apresenta excesso ou falta dessa energia, surgem dores ou doenças como sinal de alerta. O papel da massagem nos pés é justamente o de desbloquear e harmonizar o fluxo energético nos órgãos, assim eles funcionam melhor e a saúde é restabelecida.
Até o cérebro
Os ocidentais, por outro lado, descartam a idéia de uma energia invisível e explicam os efeitos com base na medicina. Os pés têm milhares de terminações nervosas e se ligam, através delas, ao restante do corpo. O médico Zang-Hee Cho, da Universidade da Califórnia, comprovou que sensibilizando determinada região do pé ativa-se a área do córtex cerebral correspondente ao reflexo.
“Com a massagem, essas terminações são despertadas e enviam estímulos para o cérebro, que ativa o sistema imunológico, beneficiando sua saúde em geral ou algum problema específico”, explica Armando Sérgio Austregésilo, presidente da Associação de Massagem Oriental do Brasil e autor dos livros Massagem e Sensibilidade e Curso de Massagem Oriental (ed. Ediouro).
“Observamos se alguma região do pé apresenta maior sensibilidade à dor e qual o órgão ligado a esse ponto. Se for o do estômago, é possível que a pessoa costume comer rápido demais ou que a qualidade da alimentação deixe a desejar. Consciente disso, pode-se mudar os hábitos e evitar problemas mais sérios. A prevenção é a principal função da reflexologia”, completa Sérgio.
Mãos e orelhas
Existem várias zonas reflexas no corpo, além dos pés. Mãos, orelhas, rosto, costas e abdômen concentram pontos reflexos que podem ser massageados. Os pés são os que têm a correspondência mais definida e de fácil localização. Os profissionais da reflexologia consideram que os pés reagem mais rápido aos estímulos. “As zonas reflexas da mão são menos sensíveis à massagem superficial, o que torna os pontos doloridos e difíceis de localizar”, explica a terapeuta corporal Diana Valer.
O grego Hipócrates (460-380 a.C.), pai da medicina, já usava os pontos das orelhas para tratar seus doentes. A auriculoterapia foi retomada por volta de 1950 pelo médico francês Paul Nogier. “Os pontos reflexos da orelha podem ser estimulados com o polegar e o indicador ou com o uso de agulhas colocadas apenas por profissionais”, explica Diana Valer.
Conte com esse alívio
Segundo a medicina chinesa, cada sentimento mexe com um órgão vital e, se for intenso ou vivido por um período prolongado, pode até comprometer a saúde. “A raiva vai direto ao fígado, o medo atinge os rins, a preocupação, a vesícula, a tristeza, o pulmão, e a ansiedade, o coração”, ensina o especialista Armando Austregésilo.
Ao massagear seus pés nas áreas correspondentes a esses órgãos , você também dissolve essas emoções e ganha tranqüilidade.
Veja abaixo os toques certos para aliviar ou prevenir males relacionados ao corpo e às emoções.
• Estresse – Já que ele não é uma doença, mas um conjunto de sintomas, o ideal é massagear os pés por inteiro, especialmente na área reflexa da coluna, que costuma doer muito quando estamos estressados.
• Insônia – Massageie a lateral externa dos pés, desde o calcâneo até o quinto dedo. Isso ajuda a desligar o carrossel de pensamentos que não deixa você dormir.
• Cansaço – Região central dos pés, relacionada a estômago, rins e intestino e ao bom fluxo de energia.
• Depressão – Área correspondente aos pulmões e ao intestino grosso.
• Ansiedade – Se a ansiedade for do tipo coronário, que vem acompanhada de uma dificuldade de pensar e agir, massageie a região central dos pés, relacionada ao plexo solar. Se for causada por estados depressivos ou tristeza prolongada, massageie a área dos pulmões e do intestino grosso.
• TPM – Dê atenção especial à região de rins, baço e pâncreas, ligada à satisfação e à alegria de viver.
Muitas maneiras de massagear os pés
Sempre que sentir necessidade de relaxar, não hesite e massageie os pés. “Além da pressão dos dedos, vale pisar sobre uma bolinha de tênis ou bambu, usar massageador elétrico ou de madeira”, sugere a terapeuta corporal Diana Valer, diretora da Humaniversidade, de São Paulo. A massagem não precisa ser demorada: cinco minutos por dia são suficientes para relaxar e despertar sensações boas. Andar descalço sempre que possível é outra ótima pedida, especialmente na areia. “Chinelos especiais, com saliências rígidas na parte interna, têm um ótimo efeito. Caminhar com eles por dez minutos, em dias alternados, é o bastante para estimular os órgãos vitais”, finaliza Diana.
Ao massagear estas áreas, você alivia dores na coluna e regulariza o funcionamento dos órgãos vitais, o que dá a sensação de bem-estar geral.
Sinais de alerta
Ao massagear os pés, você pode aproveitar para perceber como anda sua saúde e quais são seus pontos mais sensíveis – basta seguir a orientação do especialista em reflexologia Armando Sérgio Austregésilo, de São Paulo. Use óleo essencial ou hidratante e, com o polegar, procure identificar as áreas doloridas nos dois pés e veja na figura da página ao lado quais são os órgãos correspondentes a essas zonas reflexas.
Nas áreas mais sensíveis, faça massagem todos os dias, sem fazer força. “A dor tende a diminuir, o que significa que o corpo já desenvolveu um estímulo adequado para lidar com o problema”, diz o terapeuta.
Há duas formas de fazer a massagem, de preferência com os polegares: em movimentos circulares ou pressionando a região. “Tente as duas maneiras”, sugere Armando. “A mais indicada é a que suaviza a dor em até dois minutos.” Se depois de uma semana de prática diária a dor não sumir, procure o médico para investigar se há algum problema.
ATENÇÃO!
• Grávidas ou doentes crônicos devem perguntar ao médico se não há contra-indicações na prática regular da automassagem.
• Caso algum ponto dos pés apresente dor insuportável, o melhor é interromper a massagem e investigar com médicos ou terapeutas corporais a causa da dor.
Texto: Mariana Viktor
O que a princípio despertava apenas curiosidade entre especialistas ocidentais virou assunto sério, e depois de muitos testes, realizados ainda no início do século 20, vários hospitais americanos – entre eles Boston City, Saint-Francis, Connecticut e Hartford – concluíram que a massagem nos pés indicava doenças. Dependendo do tipo e da intensidade da dor que o paciente sentisse, o médico identificava os órgãos comprometidos e fazia o diagnóstico. Hoje, a reflexologia é praticada em mais de 20 países, inclusive no Brasil.
Por que o efeito é positivo
A eficácia e os benefícios da prática regular da reflexologia são reconhecidos, mas orientais e ocidentais discordam sobre seu mecanismo de ação. Para os especialistas do Oriente, a técnica se baseia na livre circulação da energia vital, chamada ch’i. Quando determinado órgão apresenta excesso ou falta dessa energia, surgem dores ou doenças como sinal de alerta. O papel da massagem nos pés é justamente o de desbloquear e harmonizar o fluxo energético nos órgãos, assim eles funcionam melhor e a saúde é restabelecida.
Até o cérebro
Os ocidentais, por outro lado, descartam a idéia de uma energia invisível e explicam os efeitos com base na medicina. Os pés têm milhares de terminações nervosas e se ligam, através delas, ao restante do corpo. O médico Zang-Hee Cho, da Universidade da Califórnia, comprovou que sensibilizando determinada região do pé ativa-se a área do córtex cerebral correspondente ao reflexo.
“Com a massagem, essas terminações são despertadas e enviam estímulos para o cérebro, que ativa o sistema imunológico, beneficiando sua saúde em geral ou algum problema específico”, explica Armando Sérgio Austregésilo, presidente da Associação de Massagem Oriental do Brasil e autor dos livros Massagem e Sensibilidade e Curso de Massagem Oriental (ed. Ediouro).
“Observamos se alguma região do pé apresenta maior sensibilidade à dor e qual o órgão ligado a esse ponto. Se for o do estômago, é possível que a pessoa costume comer rápido demais ou que a qualidade da alimentação deixe a desejar. Consciente disso, pode-se mudar os hábitos e evitar problemas mais sérios. A prevenção é a principal função da reflexologia”, completa Sérgio.
Mãos e orelhas
Existem várias zonas reflexas no corpo, além dos pés. Mãos, orelhas, rosto, costas e abdômen concentram pontos reflexos que podem ser massageados. Os pés são os que têm a correspondência mais definida e de fácil localização. Os profissionais da reflexologia consideram que os pés reagem mais rápido aos estímulos. “As zonas reflexas da mão são menos sensíveis à massagem superficial, o que torna os pontos doloridos e difíceis de localizar”, explica a terapeuta corporal Diana Valer.
O grego Hipócrates (460-380 a.C.), pai da medicina, já usava os pontos das orelhas para tratar seus doentes. A auriculoterapia foi retomada por volta de 1950 pelo médico francês Paul Nogier. “Os pontos reflexos da orelha podem ser estimulados com o polegar e o indicador ou com o uso de agulhas colocadas apenas por profissionais”, explica Diana Valer.
Conte com esse alívio
Segundo a medicina chinesa, cada sentimento mexe com um órgão vital e, se for intenso ou vivido por um período prolongado, pode até comprometer a saúde. “A raiva vai direto ao fígado, o medo atinge os rins, a preocupação, a vesícula, a tristeza, o pulmão, e a ansiedade, o coração”, ensina o especialista Armando Austregésilo.
Ao massagear seus pés nas áreas correspondentes a esses órgãos , você também dissolve essas emoções e ganha tranqüilidade.
Veja abaixo os toques certos para aliviar ou prevenir males relacionados ao corpo e às emoções.
• Estresse – Já que ele não é uma doença, mas um conjunto de sintomas, o ideal é massagear os pés por inteiro, especialmente na área reflexa da coluna, que costuma doer muito quando estamos estressados.
• Insônia – Massageie a lateral externa dos pés, desde o calcâneo até o quinto dedo. Isso ajuda a desligar o carrossel de pensamentos que não deixa você dormir.
• Cansaço – Região central dos pés, relacionada a estômago, rins e intestino e ao bom fluxo de energia.
• Depressão – Área correspondente aos pulmões e ao intestino grosso.
• Ansiedade – Se a ansiedade for do tipo coronário, que vem acompanhada de uma dificuldade de pensar e agir, massageie a região central dos pés, relacionada ao plexo solar. Se for causada por estados depressivos ou tristeza prolongada, massageie a área dos pulmões e do intestino grosso.
• TPM – Dê atenção especial à região de rins, baço e pâncreas, ligada à satisfação e à alegria de viver.
Muitas maneiras de massagear os pés
Sempre que sentir necessidade de relaxar, não hesite e massageie os pés. “Além da pressão dos dedos, vale pisar sobre uma bolinha de tênis ou bambu, usar massageador elétrico ou de madeira”, sugere a terapeuta corporal Diana Valer, diretora da Humaniversidade, de São Paulo. A massagem não precisa ser demorada: cinco minutos por dia são suficientes para relaxar e despertar sensações boas. Andar descalço sempre que possível é outra ótima pedida, especialmente na areia. “Chinelos especiais, com saliências rígidas na parte interna, têm um ótimo efeito. Caminhar com eles por dez minutos, em dias alternados, é o bastante para estimular os órgãos vitais”, finaliza Diana.
Ao massagear estas áreas, você alivia dores na coluna e regulariza o funcionamento dos órgãos vitais, o que dá a sensação de bem-estar geral.
Sinais de alerta
Ao massagear os pés, você pode aproveitar para perceber como anda sua saúde e quais são seus pontos mais sensíveis – basta seguir a orientação do especialista em reflexologia Armando Sérgio Austregésilo, de São Paulo. Use óleo essencial ou hidratante e, com o polegar, procure identificar as áreas doloridas nos dois pés e veja na figura da página ao lado quais são os órgãos correspondentes a essas zonas reflexas.
Nas áreas mais sensíveis, faça massagem todos os dias, sem fazer força. “A dor tende a diminuir, o que significa que o corpo já desenvolveu um estímulo adequado para lidar com o problema”, diz o terapeuta.
Há duas formas de fazer a massagem, de preferência com os polegares: em movimentos circulares ou pressionando a região. “Tente as duas maneiras”, sugere Armando. “A mais indicada é a que suaviza a dor em até dois minutos.” Se depois de uma semana de prática diária a dor não sumir, procure o médico para investigar se há algum problema.
ATENÇÃO!
• Grávidas ou doentes crônicos devem perguntar ao médico se não há contra-indicações na prática regular da automassagem.
• Caso algum ponto dos pés apresente dor insuportável, o melhor é interromper a massagem e investigar com médicos ou terapeutas corporais a causa da dor.
Texto: Mariana Viktor
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