quinta-feira, 21 de abril de 2011

Páscoa, O lava pés


Agora que se aproxima a Páscoa, os cristãos sempre se lembram do ritual do “lava-pé” realizado por Jesus Cristo, quando Ele lavou os pés de seus discípulos para que estes chegassem ao Reino dos Céus de suas próprias consciências e muitos se perguntam do real significado deste ato.

Não foi por humildade que Jesus o fez, mas para fixar ritual antigo, já adotado pelos polinésios, de “limpeza do subconsciente” (representado pelos “pés).

Para se perceber que não se tratava nem de limpeza física nem de humildade, basta ver o diálogo de Jesus com Pedro, no qual Jesus afirma que para o que já se banhou (aí “fisicamente”) basta lavar os “pés” (símbolo da memória, do subconsciente, do Eu-básico): (JO 13:8-11)

Ao lembrarmos da ênfase que se dá no Oriente às virtudes dos “pés” dos homens santos, é conveniente lembrar da origem dos símbolos, que aproximam todas as culturas. Assim, o “pé”, a despeito da conotação fálica que lhe deu FREUD, representa na realidade o subconsciente (pelo automatismo do ato de andar e porque os “pés” é que estão em contato com o “caminho”, aí já na interpretação do iniciado seria “caminho espiritual”, pois toda encarnação e caminhada feita no plano físico representa também, pela experiência adquirida, “caminhada espiritual”.)

Os “pés” representam, pois, o “subconsciente” do homem que, criado à imagem e semelhança de Deus, nesta concepção é “trino”(possui ainda o Eu racional e o Eu Divino). O subconsciente é a sede da memória, das emoções e responsável pelas atividades automatizadas e pelo físico, além da mais importante, que é a de fazer contato com o Eu Divino pela prece (“Ninguém vai ao Pai em si mesmo senão pelo filho”, ninguém chega ao Sagrado sem vencer as próprias sombras).

Por isso os Derviches Rodopiadores quando são iniciados têm os pés limpos por pano branco sob a afirmação: “- É da vontade do Deus da graça e da misericórida que te livres de todo pó e de toda impureza acumulada no teu caminhar.”

O “espinho no pé”, tanto do “leão” (simbolizando o subconciente alterado, embrutecido) como dos homens é símbolo do vícios, complexos e fixações que impedem a alma de caminhar rumo a Deus. A representação do santos, como São Jerônimo, que “tiraram o espinho dos pés do leão” e convivem com este domesticado possui este significado.

Tanto o “pé” é símbolo do subconsciente e está associado ao “caminho por onde ele pisa”, como a “escada”, que leva para “cima” (para o céu, para a morada “simbólica” de Deus, além do mais quando são escadas de “igrejas” - i.e., das “casas de Deus”), também está. Daí que também, na Páscoa, vemos os rituais de lavarem as escadas das Igrejas.

Que nessa páscoa, portanto, nossos pés possam ser lavados por atos de solidariedade, de compaixão e humanidade, E que nossa mesa seja farta de ternura e amor, para que a presença do Cristo de Deus se faça em nossos corações, pois só assim venceremos nossa crucificação na matéria e poderemos renascer em luz. Confessemos os nossos pecados (façamos as nossa purificações) e nos abençoemos uns aos outros, para que ganhemos o reino dos Céus e possamos sentar à mesa com o Cristo de Deus para a ceia.

por José Maria Acquaviva

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